João Tancredo, advogado, presidente do Instituto de Defenfores de Direitos Humanos, ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, foi vítima de um atentado no último sábado 18/01. Entretanto, a delegacia onde ele registrou o fato insistiu em classificar a ocorrência como "tentativa deassalto", versão reproduzida por diversos órgãos de imprensa.
A carta da família do advogado, reproduzida a seguir, esclarece os fatos e chama a atenção para seu significado político, como uma manifestação de represália amilitantes pelos direitos humanos no Rio de Janeiro.
"Nossa família agradece as manifestações irrestritas de solidariedade e informa que João está se reestabelecendo do atentado contra a sua vida. Sentimo-nos na obrigação de confirmar a notícia já veiculada pela imprensa de que João Tancredo teve o seu carro alvejado por quatro tiros disparados a centímetros de sua cabeça, o que espanta qualquer dúvida de que trata-se de tentativa de homicídio. Basta olhar as fotos divulgadas pela impresa (há sites de notícias com a foto do carro - O DIA, p. ex.).
O João, em razão de seu exercício junto ao Instituto de Defensores dos Direitos Humanos - IDDH, entidade da qual é presidente, estava em uma atividade na Favela Furquim Mendes, em Vigário Geral, inclusive no exercício profissional de advogado, ouvindo denúncias de moradores a respeito de assassinatos perpetrados por um policial militar conhecido como "Predador". Após a reunião, retornando para casa, já na entrada da Linha Vermelha, teve o carro atingido por quatro disparos de arma de fogo oriundo de motocicleta com dois homens portando capacete.
Meus filhos e eu enxergamos com clareza que o atentado não aconteceu somente contra o João, mas também contra todos que lutam pelos direitos fundamentais e pela intransigente defesa da dignidade da pessoa humana - foi um atentado contra os Direitos Humanos. Toda a nossa família foi atingida. Trata-se de ato e situação que ninguém pode em sã consciência considerá-los como normais. Como todos as vítimas de violência, todos nós da família estamos sentindo muitíssimo o traumático evento.
João vem recebendo ameaças contra a sua vida e convive com o risco iminente de morte desde que esteve à frente da Presidência da Comissão de DireitosHumano da OAB/RJ, o que nos obrigou a contratar a BLINDAGEM de nosso carro. Nenhuma providência, apesar de solicitada, foi realizada. A blindagem do carro salvou o João. Nossa família não acredita em mártires, mas em militantes engajados numa luta comum.
Esta denúncia deve servir de estímulo para que os movimentos sociais, as instituições, os cidadãos, enfim, toda a sociedade civil busquem a responsabilização pelas execuções diariamente realizadas impunemente no Rio de Janeiro.
Não temos dúvidas que o João sofreu um atentado, pois os tiros foram disparados sem qualquer aviso e todos em sua direção. O grave evento criminoso jamais retirará nossa família dos movimentos sociais e entidades que trabalham arduamente na defesa dos Direitos Humanos - por uma sociedade justa.
A solidariedade dos queridos amigos nos alimenta para transpor os obstáculosque se opõem nessa longa caminhada.
Fraternal abraço de Edneia, Chico, Bebel, João Pedro e Priscila Tancredo
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